Fluência: português x inglês
Caros Senhores:
Venho, já faz um bom tempo, batendo
na tecla dos assassinatos constantes da nossa língua, que tenho visto e lido
por toda parte, e tem se agravado, sim, com o "internetês" e piorado
muito com a exigência, muitas vezes absurda, da fluência na língua inglesa -
notem que não estou sendo contra, para alguns cargos, esta exigência; mas,
convenhamos, inglês fluente para homem de área?
Vejamos duas pérolas em versões
portuguesa e inglesa:
i am in brazil and finding
(looking / searching) for a job. you have (Have you/ Do you
have) any opportunities for mechanical project
engineer ?
Angela, aqui (a que) área estar
disponível? - nem dá para entender....
A respeito do trato com nossa língua
vernácula não concordo com o argumento de que apenas a escola pública é
deficiente: a verdade é que o ensino vem se deteriorando, no Brasil, nas
escolas públicas, mas também nas particulares; pensem... salas lotadas, ensino
voltado para aprovação em vestibulares, etc.
Fiz meu primário e ginasial (sim, sou
deste tempo... fiz exame de admissão - promoção do primário para o ginásio
(gostoso rito de passagem) em escolas públicas; tinha nota de comportamento em
classe!!!
Quanto ao ensino da língua portuguesa
estudávamos todas as classes gramaticais, todas as conjugações dos verbos (1ª,
2ª e 3ª), análise morfológica (alguém sabe do que se trata?), análise
sintática, fazíamos ditado, cópia, redação/dissertação, éramos “obrigados” a ler
pelo menos 4 livros/ano de autores de língua portuguesa
Além de toda a educação básica, era
grande o nível de exigência com Educação Moral e Cívica e Educação Social - por
exemplo, para evitar atos de violência física ou psicológica, intencionais e
repetidos (aquele termo em inglês da moda), passíveis de punição. O professor
era respeitado, tinha conteúdo pessoal e cultural para transmitir, a formação
desta pessoa era levada a sério nas Escolas Normais e nos Educandários
Religiosos.
Bom, acho que me excedi no
saudosismo, mas não creio ser mais possível reverter este quadro que tanto conspurca
a Educação nestas terras tupiniquins; nem que seja, realmente, necessária esta
exigência, desmedida e descabida, da fluência no idioma inglês - até porque ler
Shakespeare para conversar com texanos é, no mínimo aviltante - e os HH/RH
brasileiros deveriam ter a devida decência nestes processos. Enfim procuro
fazer minha parte corrigindo, sem ser pedante, sempre que ouço/leio um erro de
língua portuguesa.
Tenhamos, todos, um bom dia,
senhores.
Paulo Jonoel Gonsalves Araújo
Engenheiro Químico
Engº. de Processamento de Petróleo
Engº. de Produção de Petróleo
Analista de Risco
Especialista em ATEX
Engº. de Segurança do Trabalho
Especialista em Segurança em Projetos de E&P